terça-feira, 22 de março de 2011

ARTIGAS


Biografia
Durante toda a vida, João Batista Vilanova Artigas dedicou-se, com a mesma intensidade e brilho, a duas grandes paixões: a arquitetura e o magistério. Nascido em junho de 1915 o paranaense de Curitiba foi o responsável por erguer em sua cidade natal, as primeiras manifestações da arquitetura modernista. Graduado engenheiro-arquiteto na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em 1937, conviveu estreitamente com os artistas populares de São Paulo do grupo Santa Helena, a chamada família artística paulista.

Ao lado de Lúcio Costa e Niemeyer, apostou na aplicação do pensamento arquitetônico moderno. Antes de moderno, no entanto, Vilanova Artigas era um grande humanista. Projetos como os das estações rodoviárias de Jaú (1970) e Londrina (1951), o edifício residencial Louveira (1946-1949) e o Estádio do Morumbi (1953) atestam uma premissa seguida durante toda a sua trajetória: a generosidade com espaços e com o homem coletivo.
Para Artigas, a arquitetura deve ser entendida, acima de tudo, como uma atividade criativa a serviço do homem. Costumava dizer que a arquitetura representa o direito humano à beleza. Foi na capital paulista que traduziu - quase sempre em concreto armado - essa filosofia, tornando-se expoente maior da chamada escola paulista. 
Ajudou a fundar, em 1948, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, fazendo em 1962 uma ousada reforma curricular. Pelo feito recebeu prêmio da União Internacional dos Arquitetos. A profunda ligação com a FAU fez com que o arquiteto projetasse sua nova sede, em 1969. Ele acreditava que a concepção arquitetônica e as propostas educacionais de um centro de estudos deveriam obrigatoriamente andar juntas. Foi também na USP que descobriu a vocação e a paixão pelo magistério. Lecionou por quase toda a vida com enorme entusiasmo, influenciando toda uma geração.

Militante do Partido Comunista desde a década de 40, foi preso durante a ditadura e compulsoriamente aposentado em 1969. Mas não desistiu da militância política e pedagógica e reunia regularmente grupos de estudantes em sua casa. Ensinava, sobretudo, que era impossível dissociar a arquitetura das questões contemporâneas do país. Vilanova Artigas se tornou um paradigma do ensino da atividade no Brasil. Voltaria a lecionar na faculdade no começo dos anos 80, morrendo pouco depois, em 1985. Seus quase 700 projetos, que lhe renderam reconhecimento e inúmeros prêmios internacionais, têm em comum o traçado limpo e a densidade de formas e conteúdos.
Nesse trajeto, ergueu sempre estruturas monumentais, expressão do desejo de abrir espaço para a vida circular livre dentro delas. “Admiro os poetas. O que eles dizem com duas palavras a gente tem que exprimir com milhares de tijolos”. Vilanova Artigas quis sempre mais da arquitetura.

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